Chapter Four

em quarta-feira, 10 de outubro de 2012 |

O meu dia já estava a correr demasiado mal. Primeiro, o telefonema que fizera a Lois acabara por dar mau resultado para mim. Depois, tivera que aguentar que a bófia quase passasse na pensão onde eu vivia. O casal que dormia no quarto ao lado do meu pegara-se outra vez à chapada e fora por um triz que ele não a matara mesmo à séria. Não fosse eu chegar com a dona da pensão e praticamente rebentarmos com a porta (o que não era muito difícil, dado o estado de podridão dela) e o gajo tinha morto a miúda em menos de nada. A velhota ainda falara em chamar os chuis mas ela recusara, prontamente. Eu não podia não lhe dar razão. Era só o que me faltava, eles virem para completar o meu dia lindo. Mas a beleza dele, ao contrário do que eu pensava, estava longe de terminar por ali.

Fui para a boate por volta das 23h. Era o meu horário habitual para chegar lá, começar e não começar o trabalho, 23h15. Comprei uma sandes e comi pelo caminho, rapidamente. Passei por Joe, o matulão do segurança, e fui ter com as meninas. Já ia vestida, por isso, foi só despir o casaco e começar.

A boate não estava muito povoada naquela noite. Só os clientes habituais lá estavam, tirando uma ou outra novidade que ia passando ali, de quando em vez. Contavam-se pelos dedos das mãos os nojentos que iam ali só para ver. Mas isso também não me interessava minimamente. Só queria chegar ao fim do dia com ele bem garantido.

Passei por Sheila e Betthany, que dançavam sobre o palco e fui directa ao balcão, onde fiquei durante um bocado a observar o ambiente.

- Tudo normal, hem, Mall? – Perguntou uma voz ao meu lado. Pude distinguir os contornos do rosto bonito de Tessa, enquanto ela preparava um cocktail para um dos clientes que estava sentado nem a 2m de mim.

- Nada de novo. – Respondi simplesmente. Ao olhar para ela, senti os olhos do homem percorrerem as minhas curvas. Mordi o lábio, começando a enveredar pelo caminho que tão bem já conhecia. A guita daquela noite estava garantida.

- Ohh… ela é boa! – Riu-se Tessa em frente ao homem olhando na minha direcção. Não consegui evitar um sorriso. – Acredite em mim, com a nossa Mallory aqui está muito bem servido.

Vi o homem levantar-se e vir na minha direcção. Não me mexi, limitando-me a olhá-lo, mantendo o meu jogo. Não havia nenhuma ali dentro que fosse melhor do que eu. Pelo menos não uma que o fizesse há tanto tempo como eu fazia, que tivesse tanta experiência no assunto.

- Fazes tudo?

Tive de me rir, mas tentei não soar muito trocista. Era mau quando eles percebiam que os gozávamos. Isso podia deitar-nos a noite pelo cano abaixo e eu não podia propriamente deixar aquele dinheiro ir borda fora.

Aclarei a voz para ela soar mais madura e sedutora e respondi.

- Claro, coisa boa. – Passei as mãos sobre o seu peito. Vagueei os dedos pela gola do casaco dele, puxando a sua cara na minha direcção. Como éramos da mesma altura, não tive de me esforçar muito para lhe conseguir falar ao ouvido. – Queres experimentar?

Vi Tessa rir-se pelo canto do olho e segui o homem até ao quarto, lá em cima. Mal entrámos, encostei-o à parede, levando a mão ao meio das suas pernas. Aquilo já dera o que tinha a dar mas eu ia tentar voltar a erguê-lo.

- Faço… sexo oral se quiseres mas… se quiseres anal… comigo tens de usar preservativo, ou nada feito.

Ele empurrou-me e encarou-me por instantes. A sua expressão tornou-se dura, odiosa. Não que já não estivesse habituada a suportar coisas do tipo mas aquela meteu-me medo.

- Pensei que tinhas dito que fazias tudo.

Já devia saber que era devido a isso que ele estava com aquela cara. Estes gajos são tão primários!

- E faço. – Retorqui. – Se seguires as minhas regras. Ou então, nada feito.

Deixei-o ponderar na resposta. Se havia algo que aprendera enquanto estivera com Doug era a não insistir. Não queria problemas. Além de que haveriam outros clientes para servir lá fora, se este quisesse ir dar uma curva.

O homem continuou só calado, encarando-me. Comecei a achar o silêncio incomodativo e resolvi sair. Mas ele nem me deu tempo de chegar à porta. Agarrou-me e encostou-me à parede do quarto, apertando a mão no meu rabo e puxando-me mais. Com a outra, tapou a minha boca antes de me beijar para que eu não gritasse. Depois, voltou a descê-la, fazendo-a tomar caminho pelos meus seios e, de novo, pelo meu rabo. Tão depressa como ela se manteve naquela posição vagueou para a seguinte, assaltando a minha tanga para massajar o meu sexo. Esmurrei-o, tentando fazê-lo parar, mas não consegui.

Quando senti o seu membro frouxo de fora, soube que ele havia despido as calças. Continuei a lutar por me libertar dele mas o filho da puta tinha força.

Então, veio-me uma ideia louca à cabeça. Podia ser uma estupidez, mas na verdade aquela foi a primeira coisa que me ocorreu.

Comecei a corresponder ao seu beijo, esfregando o máximo possível o meu corpo no seu, deixando-me gemer de prazer. Ia fazer o que ele queria assim, sem sequer dar luta? Não me parecia. Ele não seguira as minhas regras, por que iria eu seguir as dele? Enganá-lo e depois deixá-lo à seca? Parecia-me uma boa hipótese. Fazer isso e ainda me conseguir vingar dele por me ter agarrado à força? Sem dúvida, era isso mesmo que eu faria.

Gemi de novo.

Sorri quando senti o seu beijo parar e ele afastar-se um pouco para me encarar, ao certo para confirmar se eu estaria a entrar no seu jogo ou não. Fiz a minha melhor cara de prazer e olhei-o. Estava habituada a mentir, fazia-o todos os dias. Então, porque não fazê-lo para dar uma lição àquele grande cabrão?

- Afinal queres, é?

Continuei só a encará-lo, antes de acenar. Abracei-o pelo pescoço, mordendo-o pelo queixo. Percebi que ele se ria, mas fiquei quieta, só continuando. Ele ia pagar-mas, oh, se ia!

- Sabes que sim… coisa boa. – Disse, antes de firmar o meu joelho contra o meio das pernas dele. Acertei-lhe com toda a força e gritei.

- Cabra!

Tentei fugir quando ele me conseguiu agarrar de novo, ainda à rasca. Pensava que ele se ia conseguir vingar de mim mas não. Não levou 2 minutos até que Joe aparecesse quarto adentro e o fizesse largar-me. Tessa vinha uns quantos passos atrás dele e tirou-me dali, levando-me para um dos quartos desocupados ao lado daquele. Ouvia os gritos do homem enquanto Joe o carregava escada abaixo e o punha fora da boate pela porta das traseiras.

- Estás bem? – Perguntou-me Tessa. Acenei.

- Vou ficar. – Respondi, simplesmente.

Levei uns minutos a acalmar-me, antes de voltar lá para baixo.


***

Já tinham passado cerca de 30 minutos desde que me haviam atacado. Estava sentada ainda, Tessa não me deixara levantar. Acho que ela ainda se sentia culpada. Afinal, fora ela quem me recomendara ao gajo. Mas eu não a culpava. Aquelas coisas aconteciam, às vezes. Daquela vez, calhara-me a mim. Paciência.

Olhei para Sheila e Betthany, que continuavam a dançar, completamente alheias aos últimos acontecimentos.

- Tess, vou dançar um bocado.

Ela deitou-me apenas um ar de aviso, ao ver-me levantar da cadeira.

- Tem cuidado.

Subi para o balcão e comecei a andar lá em cima. Uns passos depois já dançava, tal como elas, ignorando toda e qualquer coisa que se pudesse passar à minha volta. Não era difícil fazê-lo. A música que tocava embriagava uma pessoa, era hipnotizante o suficiente para me deixar dormente ao extremo. Ignorava os homens que entravam, aos poucos, continuando concentrada. Aquela noite já dera o que tinha a dar, já não seria capaz de fazer mais nada.

Suspirei, ao lembrar-me em que dia estava. O aluguer do meu quarto na pensão caía na manhã seguinte e o meu dinheiro já acabara. Precisava mesmo de arranjar um cliente, nem que fosse um velho a cair para o lado de podre.

Mas, então, ele entrou. Alto. Atraente. Estupidamente gostoso. E roubou toda a minha atenção.

Vi-o olhar em volta, como se tivesse entrado perdido por ali. Senti-me sorrir por dentro. A minha sorte parecia ter acabado de mudar. Dei uns quantos passos, devagar, tentando ignorar o barulho dos saltos enormes que calçava e que era praticamente tapado pelo som da música ambiente, parando apenas quando me aproximei do canto do balcão que ele escolhera para se instalar.

Pus-me a dançar, como se o estivesse a fazer para ele. Quando aquele homem se voltou… o mundo caiu-me completamente aos pés. Não consegui conter um sorriso.

- Ei, boy.

- Olá… - O tom de voz dele não dava margem para dúvidas: Ele estava totalmente perdido por ali. Ou, então, disfarçava-o muito bem. Vi que ele me sorria também. Ele tinha um sorriso perfeito.

- Em que… posso ajudar-te? – Aproximei-me dele, de modo a que os meus joelhos conseguissem tocar nos seus. Via o esforço que ele fazia em continuar a encarar os meus olhos sem deixar que os seus descessem para o meu decote.

- Eu… quero um uísque.

Tive mesmo de me rir, não consegui conter-me. Baixei-me, ficando à altura da sua cabeça.

- Nós somos especializadas em outras coisas, bad boy. – Levei um dedo ao seu maxilar, percorrendo a sua linha perfeitamente bem-feita. – Eu, por exemplo, posso dar-te o uísque de uma forma… muito interessante.

A atrapalhação dele era quase adorável.

- Obrigado pela oferta… Qual é o teu nome mesmo? – Perguntou, depois de um riso embaraçado. Eu sorri, deixando cair o dedo do seu maxilar para o seu peito.
- Mallory.
- Certo, então… Mallory. Eu quero o uísque num copo com 3 pedras de gelo. Por favor. – Sorri de novo, ao senti-lo engolir em seco com os meus avanços. Ele tentava resistir… e estava a fazer bastante esforço para isso.

Aproximei-me dele, saltando para o chão para que ficássemos frente-a-frente. Senti-me ficar entre o seu corpo e o balcão mas não me importei. Era bom demais tê-lo assim à minha mercê.

- Acho mais saboroso fazer-te lamber o uísque… que estará espalhado por todo o meu corpo deitado numa cama… a ferver por ti. – Inclinei-me para sussurrar a última parte ao seu ouvido. Ele ficou calado por segundos, até parecer despertar.

- Mallory, eu…

- Anda lá… - Passei a mão pelo peito dele, sobre a camisa, desapertando o primeiro botão. – Vamos divertir-nos os dois, vamos.

Ele era… gostoso, mesmo. O primeiro homem que entrava ali e me fazia ter vontade de não negar nada, de mandar as minhas regras à fava. Se aos outros fazia tudo o que era obrigatório e apenas por isso, com aquele tipo… seria diferente… com ele dar-me-ia prazer estar nos seus braços. E não apenas por dinheiro.

Ele desceu os olhos para a minha mão e parou-me.

- Mallory, eu não vim aqui para isso… eu só quero beber a minha bebida e…

Limitei-me a ficar a olhá-lo. Aquele modo de recuar lembrara-me um homem que conhecera há um bom tempo atrás. Esse mesmo homem fizera precisamente o mesmo discurso. E o que aprendera com Doug era que insistir, em casos destes, não fazia lá grande sentido. E se ele fosse casado? Talvez pudesse ser, afinal, Doug não o era?

- Não me digas que tens mulher. Eu juro que não conto nada, se fores casado. – Garanti-lhe. – Não quero problemas.

Vi-o baixar a cabeça e rir.

- Não… eu não sou casado, nem perto disso… eu só vim esvaziar um bocado a cabeça…

Nesta altura, o meu lado maldoso teve vontade de soltar uma gargalhada sonora. Ele não era casado. Ou seja, nada nos impedia de…

- Então, anda. Eu ajudo-te a passar um bom bocado. A esvaziares a cabeça dos problemas. Anda comigo. – Pedi, voltando a passar a mão pela sua camisa, desapertando o segundo botão.

- Mallory… - Começou ele, passando as mãos pela cara. Parecia cada vez mais atrapalhado… as minhas provocações pareciam estar a resultar. – Estás a provocar-me e isso… não é… bom.

Mordi o lábio, olhando-o apenas dos olhos para a boca. Tinha a certeza que não, que ele até estava a apreciar e bem.

- Sério? Porque não? Eu sei que estás cheio de vontade. Que achas da ideia do teu uísque no quarto comigo? Hm? – Insisti, chegando mais perto para inalar o seu perfume.

- Porque eu, fora de controlo, não sou muito simpático… Mallory, eu não vou para o quarto e foder contigo como se fôssemos coelhos. – Fixei os olhos nos dele quando me pegou na mão e lhe deu um leve chupão.

Quem estava a engatar quem, afinal?

Fantástico. Que merda de sentido de oportunidade que eu tinha! Já era a segunda vez. Bem… com Doug era diferente. Ele nem me atraía sexualmente sequer. Mas aquele homem… era diferente e eu sentia essa diferença de uma forma descomunal. Eu queria-o. Por que raio não me queria ele a mim?

- Tenho algum problema, é isso?

É que só podia ser!
Recuei, observando-o, desconfiada. Ele sorriu.

- Não. Tu és perfeita, Mallory. De verdade. Eu é que não quero. Não sou como esses velhos nojentos que vos querem para se certificarem que o óleo funciona e o motor aquece. – Senti as bochechas avermelharem quando ele se aproximou, ficando sério, de repente. Por que raio corava eu? – Eu faço amor com uma mulher, não a fodo sem sentido. Ainda… não sou assim tão mau, percebes?

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