Chapter Three

Química Em Biologia

Os olhares não paravam de me seguir desde que o meu pai tinha estacionado o raio do carro patrulha no parque de estacionamento da escola secundária de Forks. Ele ainda insistira para entrar comigo mas como eu já achava aquilo demasiado embaraçante para um dia só, resolvi negar a sua companhia. Olhei para o relógio. Ok. Tudo bem, Bella, relaxa. Já só faltam... Seis horas para ires para casa. Tu aguentas.
Enquanto eu me sentia condenadamente uma atracção do zoo local (se é que ele existia, de momento todas as noções da realidade me haviam abandonado), a campainha que avisava acerca da hora de entrada nas aulas, soava. Era o meu momento de respirar fundo. De me acalmar e seguir caminho para... A aula de Biologia.
Os corredores cheios assustavam-me bastante e podia dizer-se que para estes alunos todos eu devia ter uma placa na testa a dizer "caloira" porque cada um me olhava com um ar mais curioso do que o outro. Nesta escola as praxes também seriam moda?

– Olá. És a aluna nova não és? Boa, fui a primeira a conhecer-te. O meu nome é Jessica. Jess para os amigos. Vais ter aula de Biologia? Eu levo-te à sala, eu também vou para lá, se quiseres. A propósito, como te chamas?

Ok. O que raio era isto?

– Aa... Sou a Bella...

– Bella. Muito bem. Vamos lá então?

Certo. Se o pessoal por aqui era todo assim eu não iria aguentar sequer o primeiro dia. Esta miúda era completamente doida! E ainda há quem diga que eu sou estranha!

A sala de aula de Biologia estava lotada. Vi Jessica seguir para o meio da terceira fila e olhei em volta sem saber bem para onde ir. Resolvi ir ter com o professor. Ele acabaria por me indicar um lugar... Se houvesse algum vago.

– Menina Swan, seja bem-vinda! Sou o professor Molina. Pode sentar-se... Ao pé do Senhor Cullen, creio que ele não se importa - disse ele depois de olhar em volta. Apontou para uma das carteiras já metade ocupadas a pouca distância da sua.

Os meus olhos encaminharam-se na direcção da sua mão e encararam-no. O mundo parou logo ali. Vi que ele também me encarava. Os nossos olhos não descolavam uns dos outros. Eu sabia que o professor devia estar a falar mas sinceramente nem sabia o que raio ele dizia. Nem me interessava. Naquele instante só havia uma pessoa naquela sala que merecia a minha total atenção. Ele.
A sua reacção quando me sentei foi bem menos entusiasta do que a de Jessica, a forma como me fixava era bem menos curiosa que a de qualquer outro aluno que tivesse visto naquele dia, até ali. Na dúvida de saber o que dizer, resolvi manter-me calada. Nem sabia se devia falar ou não, mas senti que não devia fazê-lo.

– És a Isabella, não és?

Perdão? Ele sabia o meu nome? Como?

– S...im... Como sabes disso? - Ele sorriu.

– Local pequeno. Sabe-se tudo.

Acenei só e resolvi começar a passar alguns apontamentos antes que o professor viesse pegar comigo. Senti os olhos dele cairem no meu caderno.

– Tens uma letra bonita.

Bonita? Alô? É a letra mais horrível que já vi na minha vida, a minha caligrafia era mais parecida com uma daquelas pinturas rupestres do que se podia imaginar e ele vinha-me dizer que era "bonita"?

– Desculpa, não te quero distrair.

Olhei logo para ele.

– Não distrais! Quero dizer... Eu... Estou meio que à-vontade com a matéria, por isso...

Vi-o sorrir de novo, da mesma maneira. Senti-me a suspirar logo na hora. Olhei para o caderno dele para tentar disfarçar. Aquela sim era uma caligrafia perfeita.

– A tua é muito mais bonita.

Ele olhou-me, confuso.

– A minha quê?

– A tua letra.

– Ah. Bem... Eu não acho, por isso...

– Eu acho.

Ele riu-se. Meu Deus, como ele era lindo quando se ria!

– Sou o Edward.

Acenei, com um sorriso tão idiota como todos os meus sorrisos e disse, simplesmente:

– Bella.