Single Chapter

em quarta-feira, 10 de outubro de 2012 |




Kristen’s POV:
Perdera a conta a quantas vezes pensara naquilo, a quantas vezes chorara devido àquela situação. Aos poucos, perdia a esperança de as coisas se remediarem e de eu poder dizer a todos, uma vez mais, que teria sempre Michael à minha espera. A partir deste momento, esse meu comentário seria feito em vão. De nada serviria senão para eu me enganar a mim própria.
Tudo acontecera tão rápido que eu perdera o controlo absoluto. Não houvera nada que pudesse ter feito para mudar as coisas, nem tampouco para as impedir. Simplesmente acontecera. E eu odiava aquele idiota daquele inglês irritante devido a isso.
Desde cedo me apercebera de que Robert Pattinson deveria ter um gostinho especial por estragar a vida alheia, nomeadamente quando se tratava da minha pessoa. Ao início, pouco me preocupara com isso, limitava-me a ficar na minha e ignorar, mas com o passar do tempo e as suas contínuas provocações, a permanência dessa situação foi-se tornando impossível. E, nessa altura, pura e simplesmente, tive de explodir.

Robert’s POV:
Podia dizer que era fácil. Estava a mentir. Podia dizer que não a queria, aí mentiria também. Podia até dizer que afastar-me dela era a coisa mais simples do mundo e essa era a maior mentira.
Eu sabia que não podia continuar, não devia. Ela era muito melhor sem mim. Com ele, ela tinha tudo aquilo que eu não podia dar-lhe. Sei que vim estorvar a sua vida, que vim destabilizar a sua cabeça, que vim incomodá-la de todas as formas. Mas, e agora? O que podia eu fazer? Afastar-me e sofrer? Ou continuar a lutar para a ter? Era difícil. Eu precisava que ela estivesse bem para estar bem. Só que eu duvidava que ela ficasse bem comigo. Esse era o meu medo. O meu receio, tê-la e saber que ela não queria. Mas… Ensinaram-me a lutar e enfrentar os medos.
Foi assim que eu cresci. A lutar. E agora… Eu não ia mudar isso. Eu ia fazê-la ver que eu podia mudar e melhorar para estar ao lado dela. Eu ia fazê-la ver que comigo, ela também podia estar bem. Bastava ela querer. Eu podia dar-lhe o mundo, fazê-la sentir-se a única mulher à face da terra, só precisava de uma brecha dela, um sorriso e não um soco.
E basta ela pedir que eu irei afastar-me sem mais voltar. Eu desistirei na primeira vez que ela me pedir para o fazer. Por enquanto… Eu lutarei por ela. Eu irei amá-la, eu irei obrigá-la a olhar para mim com outros olhos que não os de ódio. E isto é uma promessa.

Kristen’s POV:
Sim, isto é uma promessa. Prometo que não mais ele terá o gosto de me ver irritada ou infeliz. Que não mais saberá que sofro ou que me interessa minimamente as coisas que diz de mim. Elas não me importam! Sempre fui assim, se ele gosta muito bem, se não azar o dele.
E sim, eu tinha saudades de Michael. Durante anos, ele fora a paragem dos meus desabafos e desgostos mais profundos, das minhas mágoas mais constantes, dos pontos mais baixos da minha vida. Tinha saudades do que tínhamos vivido… Juntos. De toda a felicidade que aquele inglês ignorante acabara por estragar, com pouco mais que um simples sopro. Esse acontecimento fora plenamente fatal para mim. Ainda hoje me doía pensar no quão depressa as coisas haviam sucedido. E era tudo culpa dele!
Odiava ter de passar por ele, dia-a-dia, e fingir que tudo estava bem. Odiava que ele me olhasse com aquele ar nojento todas as vezes que tinha de vestir a pele da Bella para dizer que o amava ou para o beijar. Detestava que ele me tocasse. Punha-me raiva sentir-me vulnerável com este homem, já que nunca nenhum outro me tinha feito sentir tal coisa.
Mas o que fazer agora?

Robert’s POV:
Ela podia negar o que quisesse. Podia falar que não, podia ignorar-me, tudo. Mas eu sabia que ela sentia algo por mim. Eu só não sabia a dimensão disso.
Só sabia que eu lutaria por ela. Por mais que doesse saber que ela continuava com o corno. Por mais que custasse ouvi-la a falar dele, vê-la com ele como não era para mim. Nunca lhe havia feito nada. Simplesmente nada. Eu começara a amá-la. Porque ela me julgava então? Amar é crime? Não. Não é. Mas sim, eu era prisioneiro dela. Era simplesmente impossível imaginá-la com ele. Ao lado dele. A beijá-lo.
Só imagino se fosse o contrário. Se a Nina aparecesse e eu lhe desse atenção. Como ela reagiria? Bom, conhecendo-a como conheço, ela iria ignorar-me. Como eu podia lutar por ela? Kristen não me deixava aproximar. E isso doía. Porque ela não entendia? Porque não cedia ao que eu tentava? Porquê? O que eu tinha de errado? Porque não podia tentar conquistá-la e tê-la para mim? A resposta Michael não justificava mais. Eu sabia que não desde que a beijara na audição para a merda do filme. Algo mudou naquela cama. E ambos sabíamos disso.

Kristen’s POV:
Irritava-me pensar que concordara com a Catherine quando ela decidira aceitá-lo para o papel. Era verdade que ele era o melhor, era de todos e de longe o Edward mais perfeito que já havia aparecido naqueles horríveis e cansativos dias de audições. Contra isso, eu não podia opor-me. A única coisa que podia fazer era amaldiçoar esse dia. Como nunca sentira necessidade de amaldiçoar outro dos que recheavam a minha vida inteira.
O facto é que todos achavam que eu e ele tínhamos tipo uma química genial. Catherine costumava brincar com a coisa e dizer que o que havia entre mim e Robert era do género que passava completamente por todas as áreas: Química, Física, Matemática, Linguística. Para mim, essa observação era plenamente exagerada. Mas, ao contrário de mim, ninguém mais parecia achar que esse fosse o caso.
Comentário puxa comentário e, passados uns meses, todos diziam que eu e Robert tínhamos mais do que uma relação de bons colegas de trabalho. Isso deixava-me furiosa, em especial quando Michael estava presente. E aquele britânico parvalhão fazia questão de piorar as coisas quando se fazia a mim mesmo à frente dele.

Robert’s POV:
Ela certamente não sabia o quanto doía vê-la com Michael. A única forma de me manter bem era estar perto dela, mesmo estando o corno junto. Eu não me importava com ele. Só com o facto de ela estar com aquele parasita. Eu ia tirá-lo da vida dela. Ele podia até merecê-la mais do que eu, mas agora, eu queria-a. E eu lutaria por ela. Até ao fim. Até ela dizer que não me queria de maneira nenhuma.
Kristen seria minha. Lutasse o que eu tivesse que lutar.
Até ela me dizer na cara que não queria nada, até ela me parar quando eu a tentasse beijar, até ela deixar de agarrar o meu cabelo com força quando nos beijávamos, mesmo que fosse para a merda do filme. Até aí, eu lutaria por ela. Depois daí… Eu lutaria e faria-a fazer tudo de novo. Ela era como uma droga. Eu precisava dela.
Kristen entrou na minha vida para mudar tudo. Ela veio baralhar as minhas ideias de amor. Eu não queria amar uma mulher. Eu queria curtir, ser feliz… Não depender dela com a minha vida. Mas agora… Era impossível remediar.

Kristen’s POV:
Eu já estava cansada dos estragos que ele causara na minha vida. Durante o último ano, as coisas não haviam sido nada fáceis para mim com toda a pressão do filme, dos fãs e da própria equipa. Toda a gente esperava que eu desse o meu melhor, toda a gente sabia que eu o faria, com toda a certeza. Mas eu tinha medo. Os grandes papéis assustavam-me sempre, desde pequena, mas ao mesmo tempo soavam a desafio e isso fascinava-me por completo. Era a maior satisfação de uma actriz da minha idade saber que o meu trabalho era apreciado e levado a sério. Porque eu levava isto demasiado a sério.
Só que, com o passar dos dias, eu descobrira que havia algo que eu temia mais do que não ser reconhecida pelo meu talento e não como pela forma que me vestia ou me apresentava em público, perante os paparazzi: Temia, absolutamente, que ele invadisse a minha vida privada. E foi precisamente isso que Robert fizera.

Robert’s POV:
Será que ela não entendia o que eu queria dela? Não era por diversão. Antes fosse. Eu estava vidrado nela. Eu não me lembrava mais de quem eu era. Era só ela presente. E isso… Era tudo o que eu não queria antes. Quando a minha vida era um mar de rosas perfeitas. Mas então ela apareceu. E o seu sorriso. E a sua voz fria dirigida a mim. E os seus olhos verdes. E o seu corpo… Ugr, ela podia acabar comigo, se quisesse.
Mas então eu perguntava-me porque eu a amava. Era difícil perceber. Ela era fria para mim. E eu nunca, nunca lhe fizera nada. Ela atacava-me sempre que eu falava com ela. E eu sempre a via a sorrir, feliz e contente a falar com os outros quando a mim me virava as costas. Isso magoava-me. E ela não percebia. Claro. Ela só pensava nela e no corno.
A verdade é que eu estava pronto para enfrentá-la e perguntar-lhe porquê. O porquê de toda aquela grosseria para mim, de toda aquela frieza. Eu queria entender.

Kristen’s POV:
Eu queria, verdadeiramente, entender o que era preciso fazer para que ele me deixasse em paz. Já ponderara perguntar-lhe directamente mas acabava sempre por desistir de o fazer. Achava que não valia a pena, iria apenas gastar o meu latim a falar disso com ele. E testar, ainda mais, a minha pouca paciência.

Robert’s POV:
O que eu faria da minha vida agora? Ela estava a acabar comigo aos poucos. E quando eu a vi a passar na minha frente de novo como uma flecha, decidi segui-la. O cheiro dela atraía-me. Eu corri atrás dela. Eu tinha que falar com ela. Nem que fosse para ouvir um insulto ou para levar um estalo. Chamem-me masoquista. Denomino-me apaixonado. E apanhei-a logo depois. Parando atrás dela e olhando-a. Ela sentiria a minha presença, eu sabia disso.

Kristen’s POV:
Já contava que ele me seguisse. Mas não ia falar com ele. Ele não teria uma única palavra minha. Faria o mesmo que fazia de todas as vezes que ele me procurava, iria simplesmente ignorar. Não diria nada, nem que Robert ficasse a falar para as paredes o tempo todo. Palavras não eram necessárias para que ele percebesse o sentimento que mais despertava em mim: Desconcerto.
Entrei no Camarim disparada, fazendo questão de fechar a porta atrás de mim. Não o deixaria entrar e muito menos deixaria que ele me seguisse mais. Tinha de ser eu a acabar com aquilo, a dar um corte radical naquela situação, já que ele não era suficientemente inteligente para perceber as coisas à primeira.

Robert’s POV:
Aquela reacção dela irritou-me. Ela fechou a porta na minha cara. Foi como um estalo. Um aviso perfeito de “Nem tentes”. Claro. O que eu pensava? Que ela ia abrir a porta para eu entrar e conversar comigo?! Burro!
Virei costas e fui para o meu Camarim disparado. Fechei a porta atrás e suspirei. Ela ia deixar-me louco. Aquela mulher linda… Aquela… Mulher que eu queria para mim e… Não tinha. Olhei a porta e respirei fundo. Eu podia estar com ela agora… Se fosse fácil…

Kristen’s POV:
Quem me dera que fosse mais fácil continuar a fazer aquilo. Mas não era. Ao contrário das minhas espectativas, era totalmente complicado. Chegava a doer pensar no quanto eu o afastara naquele momento. Mas… Porquê? Porque doía tanto?
Veio-me à cabeça a última cena que havíamos gravado juntos. A cena em que havíamos dado o nosso último beijo. Nessas cenas, eu tentava sempre entregar-me o máximo possível para tentar tornar a coisa realista ao máximo. E, normalmente, conseguia. Isso nunca afectara a minha vida pessoal… Até àquele momento. Até ao momento em que beijara aquela boca dele.
Passei a mão pelos cabelos, nervosa, antes de encarar a porta do meu refúgio. Sentia-me claustrofóbica ali dentro, mas ao mesmo tempo tinha medo de sair. Se o encontrasse, se o tivesse de novo bem à minha frente, sabia que não aguentaria. Sabia que poderia cometer um erro, um grave erro do qual me pudesse vir a arrepender bastante. Mas a vida era feita de riscos. E eu era louca ao ponto de correr aquele.

Robert’s POV:
Quem disse que a vida é justa, é um bastardo infeliz.
A vida é injusta. A vida é na verdade uma vaca que vai comendo a erva de felicidade que nasce. A vida não é boa o suficiente para nos deixar felizes totalmente.
A vida não era capaz de me dar uma oportunidade com ela, aquela mulher que me enlouquecia. Aquela mulher que agarrava os meus cabelos com força quando nos beijávamos nas gravações, aquela mulher que me olhava depois de separar os seus lábios dos meus e que tinha a mais linda conversa comigo, através de um olhar.
Aquela mulher que estava a escassos metros de mim. Aquela mulher que estava ao meu alcance. O que eu posso dizer? Foi como se fosse automático. Depois de lembrar da sua face, do seu corpo, dela… Eu abri a porta do Camarim e saí, deixando a razão lá dentro. Quem disse que a vida não é feita de impulsos?
Corri em vez de andar, corri como quem corre pela vida. Porque no final de contas, era isso que eu estava a fazer, a correr pela minha vida, ela. E seria assim. Até eu não poder correr mais.

Kristen’s POV:
É ingrato quando pensamos em algo que não queremos fazer e vamos justamente cair na ratoeira que o destino nos planta para dar conta dessa mesma acção. É horrível quando essas armadilhas nos dão escolha mas não somos fortes o suficiente para fazer aquela que a cabeça dita ser a certa. Quando usamos o coração. Mas desde sempre eu havia usado o coração para pensar, porque é que faria de forma diferente naquela altura?
Ser guiada pelos batimentos que se davam cá dentro assustava-me. Como nunca nada me assustara antes. Dava ao peito vontade de chorar e deixava-o apertado, sem qualquer hipótese de respiração. E, apesar do meu medo só aumentar quando estava perto dele, naquele instante eu desisti de temer pela minha razão.
Se estivesse a ser racional, teria agido de uma maneira diferente. Só que eu nunca soube ser racional, deixar o cérebro guiar os meus sentimentos era algo que, simplesmente, não iria nunca combinar comigo.
Correndo para os seus braços e deixando que estes me alcançassem da mesma forma era tudo menos isso, racional. Deixar que a sua boca beijasse a minha como nunca antes fizera era plenamente irracional. Amá-lo era absurdamente nada racional. Mas, no fim de tudo, quem diz que a racionalidade é o sinónimo perfeito de felicidade?

FIM

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