– Renesmee, despacha-te, já estamos atrasados.
Corri escada
abaixo, assim que ouvi a voz da minha mãe. Tanto ela como o meu pai já
estavam mais do que prontos para o primeiro dia de aulas, só eu ainda
não tinha sequer tomado o pequeno almoço. Mas também, bem vistas as
coisas, eu estava em desvantagem. Eles não precisavam de se alimentar,
tinham ido caçar na noite anterior e além disso, não dormiam, logo não
admirava que tivessem acordado a horas decentes. Quanto a mim, além de
dormir, ainda tinha de beber alguma coisa ou os humanos da escola nova
não durariam muito tempo perto da minha pequena figura de gente.
– Isto é concorrência desleal, vocês têm vantagem declarada sobre mim.
–
Menos refilanço e mais bebida - insistiu a minha mãe antes de o meu pai
se aproximar e a abraçar pelas costas. Eles ficavam tão queridos assim
que eu chegava a ter ciúmes, às vezes.
– Pronta para o primeiro ano do liceu, Nessie?
Vi
a minha mãe dirigir ao meu pai um olhar de aviso. Sabia bem que ela não
gostava muito daquela alcunha que o Jake me havia arranjado, apesar de
por vezes já a conseguir tolerar.
– Prontíssima - respondi, com uma
réstia de mínima esperança na voz. De facto, eu estava tudo menos pronta
para aquilo. Conhecer gente nova era tudo o que eu sempre havia
querido, mas agora não me parecia tão boa ideia. Não quando estava fora
do meu meio, do sítio onde aprendera a reconhecer os sons das paisagens e
as ameaças que existiam por este mundo fora. Hoje, já não me sentia
muito preparada para a convivência com os humanos. Tinha medo de
estragar tudo com um simples erro idiota.
– Tem calma, Renesmee -
consolou-me o meu pai, depois de ler palavra por palavra tudo aquilo que
eu acabara de pensar com os meus botões. Acenei só. Naquele momento,
estava para tudo, menos para ouvir conselhos. Embora soubesse que eles
vinham com as melhores intenções.
Limitei-me a sair porta fora à
frente deles, depois de beber a minha dose de líquido vermelho matinal.
Entrei no carro do meu "irmão" Edward tão calada como quando cheguei à
escola.
*
A minha nova turma
era tudo menos o que se chamava de sossegada. A maioria dos 12 rapazes
que dominavam completamente a sala, emergiam em autênticas barafundas
durante a hora e meia que as aulas duravam e as poucas raparigas
passavam esse mesmo tempo às risadinhas entre si ou a fazer troca de
bilhetinhos umas para as outras. Quanto a mim, já estava mais do que
farta daquilo tudo.
Olhei para o quadro pela décima segunda vez para
tentar copiar o exercício que a professora de Matemática havia passado
há uns minutos, quando alguém bateu atabalhoadamente à porta da nossa
sala de aula. Calaram-se todos quando Mrs Jones foi abrir a porta e um
rapaz muito pálido e de olhos muito azuis entrou.
– Atrasado de novo, Alan?
O rapaz suspirou.
– É de manhã que se começa o dia.
Ok,
aquele devia ter fama de engraçadinho. Vi-o passar pela nossa
professora e sentar-se umas carteiras à frente da minha. Algo me dizia
que eu e ele nos iamos dar bastante mal. Suspirei também, mas pelos
vistos devo tê-lo feito demasiado alto, pois senti logo um par de olhos
presos na minha direcção. Quando olhei para a frente de novo, encarei o
tal rapaz virado para trás na cadeira, a meio caminho de tirar um
caderno da mochila. Mrs Jones foi direita à mesa dele e, com a régua de
madeira na mão, acertou-lhe no cimo da cabeça. Tive vontade de me rir,
mas limitei-me a contê-la.
– Terra chama Alan! A aula é aqui à frente, não ao fundo da sala.
Virei
os olhos para o meu caderno quando ele se voltou para a frente na
cadeira. Sorri para mim própria antes de apontar a última fómula que
estava no quadro.
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